quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Saudades!

Não sei o que acontece, mas todo começo do ano é assim...Tenho a sensação que estou esquecendo de fazer algo ou que algo vai acontecer...Não sei exatamente, mas sinto um turbilhão de sentimentos ao mesmo tempo. To me sentindo vazia...sem ânimo...sem vontade de nada e para ajudar...depois que conversei com minha avó, voltei a ter insônia. Noite passada contabilizei minha quinta noite sem dormir. A cama já não estava boa, na TV nada interessante e to sem saco pra ler ou navegar na net...só me restou pensar na vida...meus pais...meu irmão...minha vida no Rio...meus amigos...enfim...To sentindo saudades...
Saudades do meu pai...do seu colo, das suas cantigas inventadas e sem sentido algum, das histórias recontadas. Homem culto que através de seu olhar me permitia viajar por aventuras ora corretas, ora necessárias para a minha curiosidade. Ele falava de mim com orgulho. Caí algumas vezes, mas eu sabia que ele estava ali para qualquer arranhão mais doloroso. Ele não está mais aqui comigo. Está em mim, porque trago muito do que ele deixou. Mas não me abraça. Não sorri para mim. Não me diz coisas que cicatrizem as minhas feridas. Minha fortaleza partiu e levou com ele meu irmão com 17 anos. Éramos jovens, felizes e apaixonados pela vida. Vi ele morrendo. Estava ao seu lado.
Lembro que no dia anterior a sua morte, fizemos tantas coisas juntos...E na noite seguinte vi seu suspiro final. Abracei-o enquanto braços tentavam nos separar, mas eu não me movia...A dor física era pequena diante da possibilidade da separação, mas nos separaram e meu irmão partiu sem ter o direito de se despedir....e eu fiquei  sem saber o que  passou pela sua mente, se é que teve tempo de pensar em algo... Apenas partiu.
Minha mãe era só silêncio, lágrimas e  orações pedindo a Deus que acolhesse o fruto de seu amor e seu parceiro de uma vida cheia de sonhos.
Quando me dei conta, estava vivendo com perdas e a próxima seria minha mãe. Lembrei de quando era criança, das  brincadeiras, da hora da lição, da conversa séria, do boa noite ao final do dia.
Hoje compreendo que o seu sofrimento físico chegou ao fim, mas me assustei quando a vi num caixão e chorei...Chorei a certeza de nunca mais ouvir sua voz, conselhos, riso, ter sua proteção, cumplicidade e conselhos...
Nos dias que se seguiram, tentei recompor partes quebradas e me quebrei mais ainda em perguntas sem respostas.
Não entendo a tristeza como ausência de felicidade. Acho que elas coexistem. Somos felizes e tristes. Felizes porque tentamos entender a nossa missão. Tristes porque assim tem de ser. A tristeza nos empresta respeito ao outro e percepção mais aguçada da dor. Talvez tristeza seja ausência de alegria, de riso fácil, não de felicidade.
Hoje é véspera de outro dia qualquer e eu estou triste. Acordei com saudade da minha família. Tantas coisas aconteceram em minha vida depois que ela se foi.
Minha mãe falava-me de um Deus que mora na ternura e que acolhe. Sua sabedoria falava de um Deus que não julga, mas compreende; que não afasta, mas ama e entendo que estamos aqui de passagem. Tenho fé de que há outro porvir, um lindo céu, que nos aguarda, mas isso não retira de mim a saudade que dói.

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