quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vontade de viver até...

Toda mulher é doida. Impossível não ser.
A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que,
sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso
 poder de sedução
para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará
com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais.
Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo?
Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de
vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca,
mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e
embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp,
ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta,
sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca.
Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não
tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática,
verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.
Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.
Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver
quem está chamando lá fora.
E santa, fica combinado, não existe.
Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude,
que não deseje mais nada?
Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.

Martha Medeiros

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